09/06/2008

Alerta a Tua Fé


Num livrinho já muito velhinho que guardo numa estante cá de casa, encontrei um texto que quero partilhar convosco. Diz assim:




Observa o teu jardim
um dia em pleno Inverno:
Tudo desolação, tudo cinzento,
Tudo imerso, dir-se-ia, em sono eterno...

Difícil de aceitar o pensamento
De que, sob esse singular e gélido lençol
Milhões de flores aguardam o momento
De brotar para a vida à benta luz do Sol.


Sim, custa crê-las ali
Inertes, escondidas
Gelada e morta a terra,
As árvores despidas.


Insurge-se a razão: - Não pode ser
E o coração replica: - Pode e deve,
Porque a pura fé consegue ver
A glória, mesmo oculta sob a neve.


Põe os olhos no mundo. Na aparência
É tudo caos, negação da Providência...
Mas a humana fé
Vislumbrou vida latente
Sob a hibernal mortalha fria e dura,
A Fé com letra grande, a Fé do crente
Reconhece sobre o mundo, sobre a gente
A amorosa mão, a próvida ternura
De um Pai Omnipotente.

De "Luz para hoje"